Apresentação

Após me tornar católico, passei a conhecer, além dos que já conhecia, uma grande quantidade de católicos empenhados em preservar sua fé. Alguns deles me indicaram um mosteiro onde monges piedosos estão a construir uma igreja, e onde também se reza a Missa Tridentina. Lá conheci católicos incríveis. Também conheci o pe. Jahir. Para a preparação do meu batismo, ele me passou para ler o Catecismo Escolar e Popular do prof. P. Spirago, do qual li. Ao devolver, ele mandou eu reler (rsrs). Como normalmente reler um livro se torna monótono para mim (por mais interessante que seja, como é o caso desse catecismo), resolvi digitá-lo aos poucos. Não só para memorizar melhor os ensinos, mas para compartilhar com mais pessoas esse catecismo.

Como ele é bem antigo (a primeira edição é de 1902), as palavras do português não são as mesmas dos tempos atuais. Dessa forma, trocarei as palavras antigas por sinônimos atuais (em alguns casos aparenta mais algo como uma tradução!).

Espero que gostem, assim como eu, do ensino desse catecismo. Ele ensina o que a Igreja crê desde os séculos.

É claro que um catecismo não pode e nem vai substituir a Bíblia em ensino e valor. No entanto, ele serve como um professor, ou, no caso dos catequistas, um auxiliar. Isso ajuda a manter um ensino único, diferente das várias interpretações da Bíblia. Ora, a verdade é uma só, e não várias porções contraditórias.

Espero que além de ler o que digitar (que por conta de algumas tarefas cotidianas talvez tenha momentos em que demore de colocar uma nova parte), você também possa divulgar aos amigos, ou em sua página na internet.

Este layout é temporário. Pretendo modificá-lo enquanto digito e tenho mais idéias.

Em Cristo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A fé cristã

O que é crer?

Crer é ter por verdadeira alguma coisa, porque uma testemunha fidedigna a confirma.

Um missionário europeu conta aos seus missionários equatoriais que na sua pátria, durante o inverno, a água se torna tão consistente, a ponto de um elefante lhe poder caminhar por cima. Custa aos ouvintes acreditá-lo, porquanto jamais viram fenômeno semelhante e nem sequer o podem imaginar. Conhecendo, porém, o missionário, e tendo-o em conta de um homem sincero e verdadeiro, tomam eles por verdadeiro o que ele diz; por outra: crêem. Do mesmo modo os alunos crêem no mestre, quando este lhes ensina geografia, história ou ciências naturais. O juiz crê na testemunha.

Que é a fé cristã?

A fé cristã é uma firma convicção, adquirida com a graça de Deus, de que é verdadeiro tudo quanto Jesus Cristo ensinou e a Igreja Católica ensina a mandado dele.

Na ultima Ceia Jesus disse: “isto é o meu corpo”. Apesar de estarem vendo as aparências do pão, os apóstolos estavam, todavia, firmemente convencidos da verdade das palavras de Cristo. Toda a vida milagrosa de N. Senhor lhes dava essa certeza. S. Paulo chama a fé cristã uma firme convicção daquilo que não se vê.

A que coisas se refere a fé cristã?

A fé cristã se refere a coisas que não podemos alcançar com os sentidos, nem compreender com a inteligência.

Nossa religião instrui sobre coisas invisíveis (como sejam Deus, a alma, os anjos) e encerra muitos mistérios, como p. ex. o da Santíssima Trindade. A este é que se refere a fé. Ao invés, dispensa-se a fé em assuntos que vemos ou compreendemos com a nossa razão (p. ex. não há necessidade da fé para admitir que 2+2=4).

Por que agimos racionalmente crendo nas palavras de Jesus Cristo?

Agimos racionalmente crendo nas palavras de Jesus Cristo, porque Cristo é o Filho de Deus e como tal não pode errar nem enganar; além disso, porque Jesus Cristo, com a sua ressurreição e com muitos outros prodígios, provou a verdade de sua doutrina.

1) Quem crê em Deus está mais seguro do que crê nos demais homens ou nos próprios sentidos; estes podem enganá-lo, Deus não. 2) Diz Jesus Cristo: “Se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras!”

Por que é que procedemos racionalmente acreditando nas doutrinas da Igreja?

Acreditando nas doutrinas da Igreja procedemos racionalmente, porque o Espírito Santo governa a Igreja e a preserva de erro, e porque Deus até hoje demonstra com milagres que a Igreja ensina a verdade.

1) Cristo prometeu à Igreja o seu auxílio e a assistência do Espírito Santo. Foi na ascensão quando disse aos apóstolos: “Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. E doutra feita na última ceia: “Eu pedirei ao Pai, e ele vos dará outro consolador, que ficará convosco eternamente, o Espírito da Verdade”. 2) Na nossa santa Igreja dão-se milagres. Sirvam de prova os muitos corpos e membros de Santos que se conservam incorruptos.

Por que é que a fé cristã é absolutamente necessária?

A fé cristã é absolutamente necessária, porque sem ela não se podem praticar obras meritórias, nem tão pouco conseguir a bem aventurança eterna.

1) A fé é como a raiz duma árvore. Uma árvore sem raiz não produz frutos, e um homem sem fé não pode praticar obras meritórias. Eis porque diz S. Paulo: “Sem fé é impossível agradar a Deus”. 2) Sem fé tão pouco há salvação. Jesus Cristo diz: “Quem não crer será condenado”.

A quem Deus costuma dar a fé cristã?

Deus costuma dar a fé cristã:

1) aos que vivem em temor de Deus; 2) aos que seriamente buscam a verdade; 3) aos que pedem a Deus a verdadeira fé.

1) Deu-se o primeiro caso com o capitão Cornélio em Cesaréia, e com o filósofo S. Justino, que ambos se converteram. 2) Disse Jesus: “Bem aventurados os que tem fome e sede de justiça: porque serão saciados”. 3) Diz ainda N. Senhor: “Quem pede, alcança”. 4) Às vezes Deus chega a converter os próprios inimigos da verdadeira religião, contanto que, errando, tenham alguma boa intenção; deu-se isto com Saulo. Deus em alguns casos, lança mão de milagres para outorgar a graça da fé; assim fez a Saulo, aos pastores de Belém, aos Reis Magos.

Quando é que a fé tem pouco valor?

A fé tem pouco valor: 1) quando se deixa de crer uma única doutrina sequer de Cristo ou da Igreja; 2) quando não se praticam boas obras; 3) quando não quer professar a fé.

1) Quem crê que Jesus Cristo é Deus, deve aceitar todas as suas doutrinas; se o não fizer, deixa propriamente de crer que Cristo é Deus. E portanto toda a sua crença é tão sem valor como uma casa de alicerces bambos. Quem transgride um único mandamento que seja a lei de Deus, peca contra toda a lei. O mesmo sucede com as verdades da fé. 2) Ensina S. Tiago: “Assim como um corpo sem espírito é morto, é morta também a fé sem boas obras”. Quem crê, mas não pratica boas obras, é qual uma árvore sem frutos. 3) No dia do juízo, Cristo não desejará saber de quem não tiver professado a sua fé cristã.

Quem é que não tem a fé cristã?

1) Os descrentes, i. e, os que, tendo conhecido as doutrinas reveladas, contudo as rejeitam.

O pagão que foi criado no paganismo e nunca ouviu falar da verdadeira religião, não tem culpa de sua descrença. Portanto, semelhante individuo não é propriamente descrente. Incrédulo foi S. Tomé, apóstolo. Como Tomé, o descrente só quer acreditar no que vê e apalpa. A descrença nasce, bastantes vezes, de uma vida desregrada. Diz S. Paulo: “O homem sensual não entende o que é do Espírito de Deus”. O homem viciado é como uma água imunda na qual não pôde penetrar a luz. Outras vezes a descrença é resultado da falta de experiência e produto da soberba.

2) Os hereges, i. e,. os que com obstinação, rejeitam uma ou outra verdade revelada.

Quem por ignorância inculpável viveu na heresia, - há muitos protestantes assim – não é considerado herege perante Deus, porque não rejeita pertinazmente a verdade. Dá-se com ele o mesmo que se dá com que possui um bem alheio sem o saber; um tal não pode ser taxado de ladrão. Deve-se estabelecer distinção entre os hereges e os heresiarcas. Estes são os que seduzem a outros para a heresia, como Ário, Hus, Lutero, Henrique VIII da Inglaterra. Geralmente os heresiarcas serviram-se das doutrinas religiosas como pretexto para alcançarem com mais facilidade os seus fins; um pretendia vingar-se; outro, ampliar os seus poderes; um terceiro, criar uma vida mais folgada, etc. Os heresiarcas parecem-se com moedeiros falsos, porquanto passam uma falsa religião por  boa. A heresia em si é uma fé adulterada; assemelha-se a um cálice de vinho contendo uma gota de veneno. São afins dos hereges os cismáticos, quando aqueles que, de inicio não reconhecem o chefe da Igreja; tais são os gregos e os russos. Por causa dos heresiar
cas reuniram-se muitos concílios.

3) Os que, de propósito, duvidam das verdades da fé.

Há uma dúvida razoável. É a que se levanta com o intuito de encontrar a refutação para, depois, crer com maior firmeza. Ora, quem ainda duvida depois de muitas razões para o forçarem a crer, duvida propositalmente e não pode jamais chegar a fé. Dos castigos que Moisés e Zacarias sofreram, ressalta o quanto tais duvidas desagradam a Deus. Quando nos assaltam duvidas e tentações contra a fé, invoquemos a luz e a graça de Deus!

4) Os que não se importam com as doutrinas da religião.

Muitos homens são como os convidados ao banquete do Evangelho, os quais por causa da fazenda, dos bois e da mulher deixam de comparecer ao banquete celestial. Não cogitam senão do que lhe traz gozo e vantagem temporal. Morre a sua fé, como a planta que não é regada. Os indiferentes na fé não encontrarão desculpa no dia do juízo. Não poderão dizer: “Nós não o sabíamos”, porque foi culpa deles não o saberem.

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